quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

5. Muito prazer…

Eu ainda não estava familiarizado com o sistema de peso e medidas deste planeta mas o «algo» tinha quase o dobro da minha altura… recuei, procurando manter uma distância de segurança entre nós e vi, com espanto, que ele fazia o mesmo. Parecia que o tamanho não lhe transmitia segurança…
Abriu muito os olhos, olhou em sua volta, provavelmente à procura de algo que servisse de arma, o que me preocupou ainda mais, e finalmente parou, olhou-me de frente, esfregou os pequeninos olhos e começou a tentar comunicar, segundo me pareceu, verbalmente.

Não percebi nada e claro está que os gestos dele também não ajudavam.

Passado o primeiro choque e surpresa tentei, telepáticamente, comunicar com ele.

«Olá! Acalma-te e vamos a ver se nos conseguimos entender.» lancei eu com a projecção de um sinal de calma e bem-estar para tentar sossegá-lo.

Ficou parado, de boca aberta e um braço espetado na minha direção.

Não consegui, por mais que me esforçasse, receber qualquer sinal de retorno. Como seria o padrão de pensamento destas criaturas?

Baixou lentamente o braço, pareceu relaxar um pouco e inclinou-se para a frente, devagar, como se me quisesse observar melhor, talvez por causa da neblina…

Comecei a ficar um pouco preocupado. Era um ser inteligente, pelo menos confeccionava algo para cobrir o seu corpo, devia usar ferramentas, mas eu não estava a conseguir captar nenhum pensamento…

Era normal que não entendendo a língua dele tentasse «sentir» imagens, conceitos, fluxo de energia, qualquer coisa enfim que deveria dar origem às palavras que ele pronunciara ao principio.

De repente pareceu-me sentir algo… uma imagem… não, uma cor… verde?! Rapidamente comecei a sentir imagens emanadas do cérebro daquela criatura… e vi, para meu espanto, um animal, verde, de cócoras… e uma interrogação na mente dele. Não consegui identificar o animal mas era qualquer coisa assim:

O tipo parecia querer classifacar-me como um bicharoco estranho qualquer!


Então, de repente comecei a entender o pensamento dele.
Cheio de dúvidas, como seria natural, pareceu-me que queria apresentar-se… «Abrenúncio, o que és tu?! Um sapo?! Um lagarto?! Porque tens essa cor?! Como te chamas?! És verde porquê?! És do sporting?!...»

Recapitulando a informação recebida, cheguei à conclusão que se chamava Abrenúncio, pertencia a uma espécie chamada sapo, subgrupo dos lagartos e queria saber quem era eu…

«Muito prazer» transmiti eu «chamo-me Nemo e sou verde porque de onde venho somos todos desta cor… e o que é isso de sporting?! Explica por favor»…

 (inexplicavelmente ao acabar a frase senti-me invadir por uma estranha onda de amargura…!!)




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