terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

43. Filosofia(s) de vida(s)


O Abrenuncio diz que a sua (dele) vida é um monumento à inutilidade. Embora no seu trabalho lhe digam que faz algo de muito útil à sociedade (ou à SARL, não percebi a qual delas se referia), ele acha que anda a perder tempo, a pactuar com esta sociedade materialista e de consumo (isto não é redundante?) que não lhe dá quase nada que valha realmente a pena.

Realmente, no meu planeta atingimos um grau de evolução em que não temos de produzir nada para o nosso sustento. Quer dizer, não temos de produzir directamente. Por exemplo se eu gostar de agricultura, posso cultivar meus próprios alimentos, mas se não gostar temos centros agrícolas totalmente automatizados que produzem alimentos para toda a população. Eu escolho o que quero fazer com o meu tempo, com a minha vida. Eu e todos os da minha espécie. Temos todo o tempo do mundo para ler, aprender, brincar, experimentar coisas novas, desenvolver a nossa capacidade criativa, pintar, compor musica, escrever, tudo coisas que nos dêem prazer e que possam ser apreciados por outros. Não somos materialistas como vocês aqui nem temos a mania do consumismo. Não me interessa se o meu vizinho tem um veículo de transporte pessoal muito bonito, ou muito potente, ou se a sua casa é maior que a minha, porque se eu quiser posso ter tudo exactamente igual. A diferença está na mentalidade. Para que quero eu um veículo muito potente? Para me deslocar não será porque nunca tenho tanta pressa que necessite dele. Pela adrenalina? (Sim, também produzimos adrenalina) – para isso temos em todas as cidades lugares de diversão onde podemos experimentar tudo o que se possa inventar (sim, ainda inventamos coisas novas, não está já tudo inventado) e acima de tudo não nos consumimos com invejas e sentimentos afins, que foram banidos dos nossos cérebros. Por exemplo, não faz sentido nenhum, para a minha espécie, «desejar» mal a alguém. Qual a lógica de se ter pensamentos negativos?! Todos nós sabemos que esse tipo de pensamentos prejudica imenso o próprio que os emite. Aprendemos desde cedo que os comportamentos originados em sentimentos ou pensamentos negativos são altamente auto destrutivos. Nos primeiros anos da nossa existência somos incentivados a experimentar alguns desses sentimentos e os nossos mentores  mostram-nos quão prejudiciais eles são.

Sociedade de consumo? Não! Deixem-me explicar melhor. Nós, como vocês, temos gostos e capacidades individuais que nos distinguem uns dos outros, assim, o «trabalho» é sempre algo que cada um de nós escolhe – por gosto. Ninguém faz nada por obrigação, tudo o que fazemos é por gosto e enquanto gostarmos de o fazer. Se por qualquer motivo nos cansarmos de uma actividade, aprendemos outra e alguém há-de tomar o nosso lugar quando isso se tornar necessário. Ah! Não existe dinheiro. Tudo o que queiras vais buscar aos locais onde são produzidos. Tudo o que aches interessante de produzir e partilhar com os outros, produzes e disponibilizas aos outros…

Vocês realmente estão muuuuitoo à frente…

Sabes o que «conseguimos» com este estilo de vida?

Não…

O que só alguns felizardos conseguem, neste teu planeta -  ser felizes!

Conta mais…

Hei-de contar-te mais coisas… não queiras saber tudo de uma vez sem primeiro digerires as novas informações. Se quiseres saber tudo de uma só vez, não conseguirás assimilar e ficarás muito confuso…

Pois, estou a lembrar-me de me teres dito que não há países no teu mundo...


Não, não há. Mas isso é matéria para a próxima conversa. Agora vai lá apanhar o metro para ires para o teu trabalho.


mmmffff, até mais logo!









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