segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

42. No autocarro...

-Abrenuncio, estou a acompanhar a conversa daqueles dois e ao mesmo tempo a aceder aos seus pensamentos e é algo surreal…

-Então porquê? São mentirosos? Dizem uma coisa e pensam outra?


-Não. Não nesse sentido. Tu provavelmente até percebes a conversa mas eu estava confuso até começar a «ouvir» o que eles queriam dizer…parece que falam noutra língua… escuta-os um bocadinho


-Quê?! Mil êros?!




-Prontus pá! Tu é que dissestes  pra eu amandar um númbaro!



-Mas tu pensas q’és algum perssional ou quê?



-Eh pá… quaise que sou, pá. Há-des ir ver o meu bólide. Aquilo acomparado com o que eu trouxe do stander não tem acomparação possible!



- Eh pá mas tu sabes, o meu carro é assim tipo, tás a ver? Pró engate, pá, mas já tem treuze anitos! Tá assim, tipo… gasto, tás a ver? Mas se lhe desses um banho ficava muita naice!

-Atão e a chapa?

-Ah! O capom tem uma mossazita, mas é coisa pouca. Fui eu que ia a sair de casa entropecei e bati com o trombil no capom

-Quê? Fizeste uma mossa no capom com a tromba?

-Oh pá, já te disse! Entropecei e não tive tempo de me desviar

-EhEh. Ganda cena! Gramava ter visto!

-Qual é a graça? Inclusiver até lasquei aqui a cremalheira. Inté tive de tomar um aspergic p´rá mona

-Olha! Estemos quaise a chegar.

-Vai uma bejeca? Pago eu!

- Não pago eu! Tenho de destrocar guito qu'a garina vem-me aqui buscar uns trocos para ir à mercearia


- Qual garina?


- Atão nha garina, pá!


- A disvorciada?


- Sim. Olha saímos aqui!


- Bute…





- Então que tal? Percebeste tudo?




-Percebi... quase tudo...











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